sexta-feira, 1 de abril de 2011

cora e o poço

há muitos anos sou fã de cora rónai. inteligente, bem sucedida, e ainda por cima filha de paulo rónai,  invadiu a seara da informática quando só homens se achavam capazes de desvendar tanto mistério.

mas esta semana, a crônica notícias do fundo do poço me provocou tamanha empatia que preciso dividir com vocês (se quiserem ler antes de continuar, cliquem em http://cora.blogspot.com/.  belíssima leitura.)

nunca li um texto tão preciso sobre depressão. não, não adianta mudar de lugar, porque ela não vai ficar na gaveta esperando a gente voltar. sim, os sentimentos ficam mais que exacerbados. e pior - sair da cama requer uma coragem que um deprimido, via de regra, não tem.  e vou completar por minha conta: quem enche o saco de um deprimido porque com exercício físico ele vai melhorar merece 3 anos de solitária. só pra calibrar o desconfiômetro.

há coisas que só quem enfrentou a doença sabe o quanto irritam. o amigo que insiste que você TEM QUE FICAR BEM. ah, claro, já que eu deprimi por motivos fúteis. tava à tôa e decidi experimentar uma emoção nova.  ou talvez nossa amizade só interesse se eu for uma pessoa super alto-astral. deprimida, não sirvo. a amiga bem intencionada e leitora do paulo coelho que te diz carinhosamente que a vida é uma tela, mas o filme quem escolhe é você. ahhhhnnnnnn.  e a amiga querida mas bicho-grilo que quer te levar pruma noite de danças circulares sagradas?

mas aí vem a cora e solta a grande verdade: lutar contra o fundo do poço é praticamente impossível.  e vou ser honesta:  o amigo que te ajuda de verdade nessa hora é o que te aceita deprimido, com fobia social, com pavor a festejos e a conversas de manicure.  porque  - aprendi - o fundo do poço tem mola. mas são aqueles que abriram os braços pra você de maneira incondicional que você vai querer ao seu lado, após a dolorosa subida.

6 comentários:

  1. Nana, eu cheguei ao ponto de aprender a forjar os sintomas da felicidade para não perder os amigos. Ninguém quer mesmo ficar perto de gente deprimida. E, você tá certa, sermão motivacional é o ó!

    ResponderExcluir
  2. Nana, sim, forjar sentimentos para não ser considerada a chata,a desanimada."A FALTA DA DELICADEZA'no dia a dia de pessoas próximas a você também fere muito.No início preocupação...no final fardo.Adorei seu texto!

    ResponderExcluir
  3. Escrevi uma vez là no Mundo Novo um texto que falava de amizade. Tudo o que sei hoje sobre amigos aprendi nos dois anos que lutei contra a depressao. Lutar talvez nao seja a palavra certa, jà que pressupoe força e era tudo o que eu nao tinha. Sobreviver é tudo que se espera no fundo do poço.

    ResponderExcluir
  4. Nana... eu conheci de perto uma pessoa deprimida. Embora eu nunca tenha passado por isso (graças a Deus) sei como é. Fazer exercício não é nada... e quando manda pro tanque lavar roupa que passa? Num comentário não dá pra escrever. Só posso dizer que entendo. Autoajuda e antidepressivo tiram da crise, mas não resolvem. Viajar não adianta porque o problema ta dentro e vai junto. O negócio mesmo é pedir ajuda séria pra mudar o foco e o rumo da vida. Sei que não é simples assim, mas é um bom caminho. É um assunto sério. Beijo do Zé

    ResponderExcluir
  5. Não achei a subida dolorosa e sim a decida. Essa foi forte.
    Na subida, quando ainda não parecia subida, o remédio dava enjôo quando remava, o mestrado não parava e eu continuava sem mesmo saber que subia, mas ia sabe-se lá, Deus, para onde. Ia indo e deixava que me levassem um pouco, por que quando é amigo de verdade, a gente deixa que levem um pouco, só para não precisar decidir nada. A gente se entrega. Hoje to aqui, com mil duvidas, mas acredito que indo para algum lugar, mesmo depois das escolhas erradas... que pareceram erradas... sei lá..... Bjs

    ResponderExcluir
  6. Lindo texto, Nana! Me senti vestindo a carapuça dos amigos insensíveis ou ignorantes em vários trechos. Muito esclarecedor.
    Beijo, querida!

    ResponderExcluir